*Publicado originalmente no G1
O debate sobre a crise climática mobiliza nações do mundo todo. No centro da discussão, a busca por soluções que equalizem o desenvolvimento econômico à necessidade urgente de reduzir a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa. Experiências de vanguarda na Amazônia mostram que isso é possível.
O programa Paragoclima, que celebra um ano nesta terça-feira (29), no Show Agro 2024, em Paragominas, sudeste do Pará, se destaca a partir do uso de tecnologia de carbono neutro que aumenta a produtividade do agronegócio, tornando áreas devastadas aptas ao plantio, além de reduzir impactos ambientais da pecuária, reduzindo o custo e aumentando a produção.
No Show Agro, as mais de 60 instituições, empresas e associações signatárias do pacto receberam certificados pela parceria que vem revolucionando a cultura produtiva da região e se fortalece como case de sucesso nacional e internacional quando o assunto é desenvolvimento sustentável da Amazônia.
A ocasião marca ainda o lançamento do Programa de Educação Ambiental Paragoclima (PEAP), que será distribuído na Semana de Meio Ambiente na rede municipal de Paragominas para professores e professoras de Ensino Fundamental I e de Ensino Fundamental II.
Na oportunidade, os visitantes conheceram o material, integrado por caderno do professor, com a temática de Mudanças Climáticas e Desenvolvimento de Baixo Carbono, que traz conceitos e atividades pedagógicas adequados à faixa etária das turmas atendidas, além de um jogo de trilha sobre essa temática, com foco nos contextos de Paragominas, tais como principais atividades econômicas locais, impactos de queimadas e desmatamentos, ativos e riquezas do território.
Para completar o kit, há um pôster sobre aspectos físicos e humanos, com estímulos para melhor compreensão do papel de cada um no âmbito das Mudanças Climáticas e do Desenvolvimento de Baixo Carbono.
Os convidados do Show Agro também puderam conhecer os materiais publicados pelo Paragoclima em apoio aos temas mais relevantes para sua implementação, como é o caso de Cartilhas sobre a validação do CAR (Cadastro ambiental rural e combate ao desmatamento e queimadas).
Paralelamente, o Paragoclima promoveu no espaço do Bosque do Show Agro uma atividade de Roda de Leitura sobre a temática das Mudanças Climáticas.
Essa atividade será realizada em parceria com a Sanepar, uma das signatárias do Pacto Paragoclima, com o apoio da Biblioteca Pública Municipal Welton Marques Gonzaga de Paragominas, que passará a contar em junho com um acervo Paragoclima. Esse acervo de 72 exemplares de livros infanto-juvenis sobre questões socioambientais foi doado especialmente pelo Paragoclima para que essa população tenha acesso a literatura de qualidade sobre o tema.
O que é o Paragoclima
Destaque na COP 28, em Dubai, as conquistas de Paragominas, cidade de pouco mais de 100 mil habitantes localizada no sudeste do Pará, distante 300 quilômetros de Belém, ilustram uma mudança de matriz econômica e de realidade ambiental. A nova fase do município se dá no momento em que o mundo debate mudanças climáticas e se volta aos cuidados com a Amazônia, sede da COP em 2025.
Política pública para promoção do desenvolvimento sustentável lançada há apenas um ano, em maio de 2023, o Paragoclima tem como principal meta a neutralidade das emissões de carbono e desmatamento ilegal zero a ser alcançado até 2030. Com essa iniciativa inovadora, Paragominas se coloca como referência de economia produtiva para o bioma amazônico frente ao desafio das mudanças climáticas.
A iniciativa, da Prefeitura Municipal de Paragominas em parceria com o Cirad, organização francesa de pesquisa agrícola e de cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável das regiões tropicais, é um pacto firmado em maio de 2023 com toda sociedade local: órgãos públicos e privados, sociedade civil, representantes de governos estaduais e federais.
Por meio de tecnologias desenvolvidas pelo programa Terramaz, integrante do Paragoclima, é possível reduzir emissão e sequestrar carbono, e também aumentar a produtividade do agronegócio com técnicas de baixa necessidade de manutenção, aumentando a renda do produtor, e diminuindo o esforço do trabalho, o tornando menos penoso.
Revolução por meio da agricultura verde
Atualmente, são beneficiadas pelas ações diretas do programa 41 comunidades rurais, sendo cinco aldeias Tembé. Representando cerca de 430 famílias e 540 hectares manejados em áreas de assentados, sojeiros, indígenas e agricultores. Já em 33 fazendas de médio e grande porte, foram realizadas avaliações de desempenho ambiental.
Nos últimos dois anos, o foco foi implantar o programa “Roças sem fogo”, mudando a cultura local de atear fogo na área para “limpá-la” antes do plantio, prática com alto grau de risco de culminar em incêndio florestal, devido às altas temperaturas da região.
Atualmente, o “Roça sem Fogo”, pecuária sustentável e Sistemas Agroflorestais (SAFs) já foram implantadas em 21 comunidades, beneficiando 126 famílias. Em 2025, a nova etapa prevê a plantação de árvores ao redor das áreas de plantio para que elas atuem como quebra-vento, dêem sombra ao agricultor, dando conforto térmico, além de sequestrar carbono.