Vanguarda na Amazônia, Paragominas faz plantio de bosque e a lança programa de educação ambiental

Nesta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiental, a cidade de Paragominas, lança um programa inédito de educação ambiental com livros, jogos e concurso de redação.

“O que é mudança climática? O que é aquecimento global? E desenvolvimento de baixo carbono? O que precisamos mudar para construir o lugar que queremos viver no futuro?”. A brincadeira do porquê, tão comum na infância de toda criança, conduz meninos e meninas a se conectar a questões-chave de educação ambiental na Amazônia, centro do debate mundial sobre crise climática.

Nesta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiental, a cidade de Paragominas, sudeste do Pará, plantou 800 mudas que vão dar forma ao bosque municipal da cidade, e acaba de lançar um programa inédito de educação ambiental voltado para alunos da rede pública de ensino fundamental. Além disso, áreas verdes estão sendo implementadas em escolas indígenas, rurais e urbanas da cidade, que foi a primeira da região Norte a implementar uma lei municipal sobre o clima, em 2011.

Uma das metas do município de Paragominas é zerar a emissão de carbono até 2030. Para isso, há um ano foi assinado um “Pacto pelo Clima e Desenvolvimento Territorial”, que faz parte do Projeto Paragoclima, buscando, entre outras frentes, incentivar a neutralidade de carbono, estimulando boas práticas agropecuárias no contexto da economia de baixo carbono. Agora, com livros, jogos e concursos de redação, o Programa de Educação Ambiental Paragoclima (PEAP) está chegando às escolas para formar milhares de estudantes, que serão agentes multiplicadores em defesa do meio ambiente.

O conteúdo pedagógico deste programa vai tratar de assuntos que podem parecer difíceis à primeira vista, mas estão no nosso cotidiano e precisam ser entendidos. Expressões como “desenvolvimento de baixo carbono” ou “mudanças climáticas” vão se tornar cada vez mais frequentes no nosso vocabulário dentro e fora da escola.

O material didático conta com coordenação editorial da equipe da ONG Olhar Cidadão, Fátima Falcão e Marcelo Nonato, apoio pedagógico de Eni Monteiro, Sheila Ceccon, Victor Assuar Pannucci, e coordenação geral Amanda Purger e Rene Poccard Chapuis.

“Com uma abordagem transdisciplinar e interdisciplinar, o caderno do professor propõe conteúdos que atravessam as diferentes áreas do conhecimento, como Língua Portuguesa, Arte e Educação Física, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, trazendo para o universo escolar questões que surgem a partir da comunidade e afetam a vida em sociedade”, explica a pedagoga Sheila Ceccon.

“A intenção é que as crianças e jovens, com um papel central, levem para dentro de suas casas tudo o que aprenderem no programa sobre desenvolvimento de baixo carbono. A ideia é que toda a comunidade escolar possa entender o valor de uma relação harmoniosa com o meio ambiente nas atividades produtivas ou de consumo, dando exemplos de saber viver bem na Amazônia”, diz a coordenadora do Grupo de Trabalho Clima e secretária municipal do Verde e do Meio Ambiente de Paragominas, Amanda Purger.

Pacto pelo futuro

O lançamento do programa de educação ambiental é mais um passo rumo à economia verde do município, que deixa para trás um histórico de desmatamento ambiental. O jogo começou a virar em 2008, quando Paragominas entrou na lista de municípios prioritários para frear o avanço do desmatamento no Brasil. Naquele ano, 63,2 quilômetros quadrados foram desmatados na cidade, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES). As taxas se mantiveram controladas a partir de 2010 e, em 2023, chegaram a 31,59 km² – quase a metade dos índices registrados anteriormente.

Também em 2023, o Pacto pelo Clima e Desenvolvimento Territorial, ação do Projeto “Paragoclima”, foi assinado para que as emissões de carbono sejam zeradas até 2030. O projeto atua em cinco eixos: atividades produtivas sustentáveis; monitoramento e controle ambiental; ordenamento ambiental e territorial; instrumentos normativos e econômicos; sociedade e conhecimento.

“Do jeito como muitas atividades humanas foram desenvolvidas até agora – tornando o solo improdutivo, esgotando recursos naturais, causando a extinção de diferentes espécies, usando o fogo para o plantio, matando nascentes ou derrubando florestas – não haverá meios para sustentar um planeta saudável. E quem não quer viver em um lugar com menos resíduos, menos enchentes e outros desastres climáticos, com mais verde e mais saúde para todas as pessoas?”, destaca René Poccard Chapuis, pesquisador francês coordenador do Terramaz, integrante do programa Paragoclima.

Aliando ciência, linguagem acessível e ludicidade, o PEAP busca informar como as mudanças climáticas e o desenvolvimento de baixo carbono, temas centrais do programa, afetam a vida de toda a população de Paragominas. O objetivo é criar uma visão de futuro comum, baseada em benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos e na busca de cada um por melhoria da qualidade de vida no lugar em que mora. Para isso, é fundamental que eles conheçam e participem dos esforços que já estão em curso em busca dessa economia verde”, diz Amanda Purger.

Para que o agronegócio de baixo carbono se torne realidade, é preciso mudar alguns modos de produzir e consumir, sobretudo no que tange à produção agrícola, que pode ser mais rentável e gerar mais riquezas se for feita de forma sustentável; e à pecuária, que obtém muitos benefícios ao utilizar formas inteligentes de criação.

“Entre as mudanças já em curso por meio do Paragoclima, destacamos a roça sem fogo, que mostra que é possível preparar uma área de plantio, afastando a vegetação, que se transformará em palhada na superfície. Isso vai conservar a umidade do solo, evitando a erosão e dando nutrientes para as plantações, além de não emitir, e sim capturar carbono para ajudar no crescimento das plantas”, explica Rene.

O pesquisador explica que o gás metano, que causa o efeito estufa e é emitido pelo aparelho digestivo do gado ao comer muitas fibras, pode ser reduzido. “Com o manejo rotacionado, isto é, com períodos de descanso e recuperação do pasto, o gado vai comer apenas folhagens novas e com pouca fibra, diminuindo a sua emissão de metano”, detalha.

Nos últimos dois anos, o foco foi implantar o programa “Roças sem fogo”, mudando a cultura local de atear fogo na área para “limpá-la” antes do plantio, prática com alto grau de risco de culminar em incêndio florestal, devido às altas temperaturas da região. Em 2025, a nova etapa prevê a plantação de árvores ao redor das áreas de plantio para que elas atuem como quebra-vento, dêem sombra ao agricultor, dando conforto térmico, além de sequestrar carbono.

Atualmente, são beneficiadas pelas ações diretas do programa 12 comunidades rurais, destas, quatro são aldeias Tembé, representando cerca de 430 famílias e 540 hectares manejados em áreas de assentados, sojeiros, indígenas e agricultores. Já em 33 fazendas de médio e grande porte, foram realizadas avaliações de desempenho ambiental.

Horta nas escolas

Além do programa didático de educação ambiental, áreas verdes estão sendo implementadas em escolas públicas. Inicialmente, cinco escolas da cidade irão receber o projeto: uma em território indígena, duas na zona rural e duas na cidade.

“O projeto de sistemas agroflorestais nas escolas, parte integrante do programa ‘Salas para o Futuro’, que está em processo de implantação, trabalha aspectos multifacetados. Por meio de uma educação transversal, traz vitrine de que é possível produzir dentro da floresta, protegendo-a”.

Segundo Purger, a perspectiva da criação dos sistemas dentro de escolas deve proporcionar aos estudantes a ampliação do olhar sobre áreas do conhecimento, e ainda sobre o cultivo de espécies vegetais típicas da Amazônia, como cacau, açaí e cupuaçu.

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